all night
























saído de um diálogo do tipo:
- preciso colocar meus pensamentos em ordem, qq eu faço?
- sei lá, entra na yoga, faz terapia, escreve um blog.
e por ser mais barato e mais fácil, ela escolheu o blog...

o livro sobre mim

Este não é um livro sobre a vida que aparece nesse blog. Esse livro conta o que aconteceu depois, quando conheci o Francisco. O blog está aqui como prequel. O blog está aqui para verem o quanto eu era ridícula.

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quinta-feira, agosto 8
 

Salva pelo caos.

 

quarta-feira, dezembro 19
 
Ví­tima da entropia.
 

sábado, agosto 18
 
Eu fui concebida numa noite como essa, umas duas décadas atrás. Os estreitos mal-iluminados, os telefones racionados, celular era ficção cientí­fica. Caiu muita água do céu naquele ano. Depois de um toró a luz vacilou e caiu. Meus futuros pais se embrenharam pelos canais de Limoeiros procurando um lugar.
Era um edifí­cio de portaria de vidro no fundo do bairro. Os dois entraram, o porteiro hipnotizado por uma vela, passaram pelo elevador que não podia ser usado. Subiram de escada, os corredores verdes com as luzes de emergência; aquelas velhas de camisolas floridas discutindo com donas gordas, todo mundo de vela na mão; como sempre, ninguém sabia o que era aquilo, só que era geral.
O apartamento era o 812, sete lances de escada depois eles chegaram esbaforidos. Eram vinte e sete apartamentos por andar, um cabeção-de-porco (nunca se deixe enganar por uma portaria de vidro). Bateram na porta, esmurraram a porta, arrombaram a porta: tinha um colchão velho, um XT, e o corpo.
Ele era amigo de infância da minha mâe. Acho que era gay. Mexeu com drogas, começou a traficar, e aquela velha história. Já tinha quase empacotado uma vez, quando minha mãe impediu. Mas acabou acontecendo; ele ficou paranóico e se matou, ou foi overdose, não sei.
Eu sei que, se esse cara não tivesse morrido, meu pai biológico não poderia ter se aproveitado da fragilidade emocional da minha mãe naquela noite e eu não poderia ter nascido. Acho que minha mãe jamais ficaria com meu pai em outras condições. Ou de repente era inevitável. Mas tenho sempre a sensação de que esse cara é meu pai honorário.
 

terça-feira, agosto 7
 
Dam!

O lí­quido contra os mormaços da terra não é fluxo. Jorra bin-to-bin, vessel-to-vessel. São apenas mls de subsistência que entram por vez no meu club e, purificados nas bicas, saem frescos, propiciando novos inputs, outros jack-ins.
Camelices não, me duele não ser riacho.
 

segunda-feira, junho 25
 
Nunca fui de optar pelo conforto na hora de me vestir. Roupas incômodas não me incomodavam: encarava salto alto, jeans apertados, o que fosse. A questão da beleza ou não me incomodava muito mais. Eu só não era patricinha porque ia além das patricinhas.
Para mim a beleza era um ideal matemático, eu gostava de simetria, composição, proporção. Mas não era algo que devesse ser procurado fora; estava em mim, eu tinha o suficiente para a vida toda. No iní­cio, também não era para me exibir ou conquistar, isto só veio depois, era secundário.
Não gosto de belezas apolí­neas, portanto, nos outros. Não quero "formar um casal bonito". Estrago o que já é feio à minha maneira.
 

terça-feira, junho 12
 
Num dia nublado de inverno, entrar em um restaurante entre 4 e 5 da tarde. Faça.
Eu faço. Entro em restaurantes discretos entre 4 e 5 da tarde e "almoço".
- O senhor da mesa 8 lhe ofereceu uma taça de merlot.
- Sou abstêmia.
Recuso vinho, mas não executivos estressados que perdem a hora de almoço. Que isso. Frente a um prato de comida, eles estão prontos para lembrar de suas prementes necessidades mortais.
 

domingo, junho 10
 
Meu cabelo parece com cheetos original, só que carbonizado. sou a Cachinhos de carvão num rolo com 3 "ursos".
Amanhã reservei uma hora inteira com o B. Vou cortar e hidratar meus cheetos, tenho muitas, muitas pontas duplas. Um Feigenbaum ambulante.

Em todos os sentidos. E se eu tivesse continuado a vida que me esperava? E se tivesse entrado pro, sabe, aquele instituto de engenharia? (Com o pé nas costas diga-se de passagem. Dá até pra me imaginar fazendo as flexões de admissão. E depois fardada.... cáqui ou verde ou azul... uma das poucas meninas... "aquela ali ninguém pega"... engenheira militar se não fosse expulsa por *indisciplina*... e lá se ia outra vida com os pés metidos em botas de couro...)
 

quinta-feira, junho 7
 
Justine disse que ando pelas ruas adestrando o ambiente. Reparou nas mãos discretamente esticadas toward possíveis bueiros sopradores.
 

quarta-feira, junho 6
 
The blow guy, o americano fã de
1.boquete
2.saxofone.
Faltou fôlego. Fui substituí­da por uma loira que não tocava saxofone.
 

sexta-feira, junho 1
 
Uma vez, uma socialite loira e o marido dela. Separados. Um não sabia do outro comigo (nem eu deles, quem me disse foi alguém melhor informado). Não entendo os ricos.
 

sábado, maio 12
 
Hoje fui no show da Nurse. Ou melhor, performance.
Gente assim se reconhece.
Em certa ocasião, Nurse me deu uns pontos a trabalho. Odeio dor, gritei como um bezerro
Até que um dia dei de cara com ela, só que muito mais linda, de cabelo solto. Uniformes padronizados enfeiam as pessoas.
 

quinta-feira, maio 10
 
Os gêmeos são computadores em rede. Em todos os sentidos.
Deles, se pode esperar todo tipo de ví­rus. E códigos maliciosos pelo backorifice.
Com eles, use sempre camisinha e sempre ouvidos moucos.
 

quarta-feira, maio 9
 
Tem muita gente que quer me dar presentes e eu deixo. Dólares, euros ou até yens. Quando é jóia, uso uma vez, depois vendo e invisto. Pq acham q eu ia gostar de jóias? Francamente.
Teve um animal casado q queria me dar brilhantes, mesada, montar casa e etc. Recusei. A condição dele era exclusividade. (Perversão de Moulin Rouge, esse eu vi).
Gimme stocks. Stocks are a girl's best friends.
 

segunda-feira, maio 7
 
Turistas não querem apenas mulheres exóticas. Eles querem a propalada variedade da mulher brasileira. Entrei na sala de estar da Magra (Justine) e vi e já sabia o que ela estava tramando. Um team-up.
Ariannah com dois ns e h já estava me avaliando quando deixei de fuzilar a Justine pra virar pra ela. Entendi que seria, sim. Ela não se incomodava em parecer uma boneca inflável. Ela não queria ser uma mulher de carne e osso, queria ser o que tivesse a saí­da maior e mais óbvia. Ela também sabia fazer direito, ou seja, não parecia que tinha tentado e dado errado. Os peitos eram do tamanho certo, nem pouco nem muito. Não tinha nem um pouco de garotinha perdida; devia ter começado a pensar na carreira desde os seis anos e começado a, sei lá, consumir alimentos que contivessem hormônios. Era uma criatura escrota, sem dúvida. Escrotamente prática.
Conversamos (não muito) e decidimos ser um par.

Eu usava um vestido preto e ela, uma blusa rosa e calça justa.
- You two're so wonderfully diff'rent.
Agora, eu poderia exibir como sou um desastre emocional de duas formas: lhes dar uma autópsia que lhes deixaria com nojo de sexo por alguns dias, ou demonstrar na prática como não descrever uma cena de sexo liricamente.
Escolhi a segunda. Ele tentou nos puxar pra dentro pela bunda, abraçando as duas, mas não era grande o suficiente pra isso, então ficou constrangedor. Dei-lhe um tapa na mão, achei uma cadeira e fiquei assistindo ele e a Ariannah de pernas cruzadas. Esperei uma definição; quando a Ariannah ficou por cima dele, tirei o vestido e sentei no peito dele, deixando ele me remexer com as mãos não-tão-grandes e passando às vezes para a cara dele. Como estava ficando meio embaçada, abri uma fresta do visor e senti o cheiro dele, que, surpreendentemente, não era ruim. Troquei a camisinha e trocamos de lugar. Ariannah o beijou e disse coquete: "oooh ele ta com seu gostinho", a frase de sensualidade enlatada mais velha da face da terra, que eu traduzi pra ele, que adorou. Cansei. Espero que vocês também.
Estou falando dessa vez porque eu cheguei usando além do vestido um capacete de moto E fiquei com ele na cabeça até ir embora.
Tendo descobrido que era possí­vel testar novas excentricidades a cada vez, exasperando Ariannah pela atenção que eu chamava. Claro, ela ficava com o maior número de caras, mas eu atraí­a os mais importantes. Os lí­deres de manada. Os figurôes.
Ela também curtia drogas recreativas e só eu recebia, e recusava, as ofertas. Aí­ honeymoon's over rapidinho
O melhor de Ariannah era realmente não precisar sorrir do lado dela. Representávamos uma pessoa só, e ela era a parte que sorria de vez em quando, e rolava. Eu era a parte que mandava e usava os saltos mais altos.
 

domingo, maio 6
 
Sedução elegante

A roupa vintage. Percebi que para conquistar os velhos, teria que me passar por uma moça anos 60. Requer esquadrinhar brechós. Simples aritmética. A matemática gosta de ser tratada como meio. Se hoje têm 70, 80, em 1960 tinham uns 30, idade ideal para um relacionamento maduro e marcante com uma Jackie O, provavelmente fora do casamento, em quartos de encontro, final infeliz. É a armadilha da segunda chance. O tempo não passa na cabeça das pessoas. Eles pensam que agora têm tudo sob controle.
 

domingo, abril 29
 
Minha melhor amiga se chama Justine. Ela é a própria tábua, reta, sem peito e sem bunda e como se não bastasse, usa tubinho e cabelo bem reto. Mas não falo pra ofender, ela realmente faz esse estilo.
Gosto dela porque está acima da mediocridade geral do nosso mundo noturno. Vocês sabem do que estou falando, né? Sei que não. Ninguém sabe. Não só dos babacas óbvios, que juntam baba no canto da boca. Babacas mais enrustidos. Gente que esmiúça suas "experiências sexuais" em documentários horrorosos sobre sexo com os olhos muito arregalados, como se tudo isso fosse "superlegal", "democrático", uma espécie de ideologia salvadora, como se suruba mundial fosse a solução final. Ora, quem ia fazer a comida? Suicí­dio coletivo num orgasmo final? As pessoas não pensam no que defendem.
O mundo é bom e ruim, se temos que classificar - eu não tenho. i'm well aware que existem pobres e ricos, felizes e infelizes, não dá pra fingir que qualquer das partes não existe - e aliás, eu mesma sou baseada no desní­vel. Babacas, ou seja, seres que não respeitam a diferença - eu os desrespeito, reconhecendo a atração que eles me provocam, ao mesmo tempo gerando prazer para mim e para eles, e às vezes, ainda ganhando dinheiro que eles tomaram de alguém (pois é assim que babacas ganham dinheiro). Eu sou equilí­brio. Sou um í­on. Saí­ da classe média. Conceito complexo demais para um tipo de babaca que confunde exibicionismo com deslumbramento.
Adoro a Justine porque ela também sabe zoar essa gente. Ainda assim, não suporto as teorias dela sobre "nichos de mercado". Ela diz que, tendo nascido do sexo feminino mas com pouca polpa, é objeto de desejo dos pedófilos, gays enrustidos, militares que gostariam de papar travecos e homens que têm mães dominadoras demais.
Marketing sexual é o assunto preferido dela. Mas quando não está teorizando, é ok. A idéia desse blog foi dela.
Outra coisa q temos em comum é usarmos nossos próprios nomes. Eu não preciso, a rigor - não sou profissional. Mas ela diz que Justine parece falso apesar de ser verdadeiro, e isso faz dele o nome ideal.
Ela faz programa pq precisa da grana, gasta os tubos nos seus tubinhos. A idéia dela sobre o dinheiro até parece um pouco com a minha. Mas ninguém me bate em pragmatismo.
 

quinta-feira, abril 26
 
E aquele tipo de babaca q diz: "aa que eu acalmava essa putinha rapidinho." Fantástico.
 

quinta-feira, abril 19
 
Estava Bertrand Russel, numa certa ocasião, a especular sobre enunciados do tipo: "Se chove as ruas estão molhadas" e afirmava que de uma proposição falsa se pode deduzir qualquer coisa. Alguém que o ouvia, interrompeu-o com a seguinte questão: "Então quer dizer que se 2+2=5 então o Senhor é o Papa?". Russel respondeu afirmativamente e procedeu à demonstração da seguinte maneira: "Se supomos que 2+2=5 , então estará de acordo que se subtrairmos 2 em cada lado da igualdade obtemos 2=3. Invertendo a igualdade e subtraindo 1 de cada lado, dá 2=1. Como o Papa e eu somos duas pessoas e 2=1 então o Papa e eu somos um, logo eu sou o Papa.
Preciso dizer? Eu amo este homem.
 

quarta-feira, abril 11
 
stealth mode

É possí­vel que se diga que sou tí­mida. Mas seria, como sempre, simplificar demais. Sou difí­cil de achar. Não faço qualquer coisa para ampliar meu cí­rculo de conhecimentos mais e mais, de forma que muitos recém-conhecidos não chegariam a converter. Não fico andando pra lá e pra cá. Fico num canto, com quem acho interessante, fazendo o que acho interessante, deixando se aproximar quem acha aquilo interessante. Raramente tenho que procurar alguém interessante. Nem todo mundo que poderia me conhecer me conhece, porque não sou do tipo que perde tempo com jogos de sedução. Eu sou rápida. Não sou vista.
 

segunda-feira, abril 2
 
Dá um certo prazer mórbido voltar de bmw pra casa e ver as pessoas indo pro trabalho. Claro q esse bmw não é meu e, na maior parte das vezes, volto de ônibus, e encontro os crentes, q dizem algumas coisas, amigáveis ou não. Dependendo da minha roupa e companhia, até me confundem com um deles. Divertido. Tem os trabalhadores, as crianças voltando de shows e, dependendo da linha, o povo gls, ou melhor, glbt (no qual de certa forma me incluo mas não gosto de rótulos). Teve um dia q os Gêmeos me carregaram pra fora do ônibus (eu tava de pé engessado, caí­ do meio-fio) e as bibas ficaram olhando com inveja.
BTW:
Eu sou a mulher-roleta.
 

sexta-feira, março 30
 
(la traviata)
Às vezes pessoas que não me conhecem direito me acusam de "não" ser profissional (geralmente por não fazer o que elas querem, geralmente riquinhos mimados). Não sou. Isso não é trabalho. Não gosto de trabalho, e disso eu gosto. E não cobro. Sou amadora.
"Então você é uma devassa por vontade própria". Não sou também. A palavra DEVASSA implica num monte de coisas, inclusive q sexo é sujo. As pessoas têm uma cabeça doente, eu tenho q ser devassa, safada, perdida etc. senão elas têm medo de q eu seja igual a elas, o q vai significar q elas são covardes e iludidas.
Que eu sou então? Eu sou uma indisciplinada que gosta de pôr os outros na linha. Eu gosto de desequilí­brio. Gosto do que você chama de "sujeira" e "injustiça". Gosto de babacas, mas não consinto em dar pra eles. Eu tenho q ficar por cima, entende. E pra maioria dos babacas, sério, isso não é problema. Então somos um casal perfeito: eu, e todos os babacas da face da terra.
 

quinta-feira, março 22
 
não sou um produto industrializado.
Não tenho silicone, não sou nem morena de praia. Na verdade sou descorada como um esqueleto de tumba. Não tomo sol. Dá pra ver pelo horário dos posts que não curto muito o dia.
É raro pra mim ver algum raio de sol, mesmo no verão. Vejo, no máximo, um vermelho quase roxo de seis da tarde.
Minto, vejo o sol sim. Quando vou dormir nove da manhã. Mesmo assim, vedo o lugar em que eu durmo com cortinas negras e pesadas... agradavelmente funéreo.
 

quarta-feira, março 21
 
Para um observador desatento, assistí­amos ambas o programa infantil matinal. Mas não. Eu assistia a minha melhor amiga assistir o programa.
Era a minha cobaia. Eu tirava conclusões mais profundas que as dos adultos. Por exemplo, os merchandisings. As brincadeiras dentro de cilindros pintados como coca-colas, ou o foco no disco do grupo nas mãos da moça loura durante um número musical. Os pais punham as mãos nas cabeças, oh! pobres crianças com a mente suscetí­vel, que não compreendem que estão sendo manipuladas!
Nós compreendí­amos perfeitamente. O negócio é que gostávamos. Gostávamos de sermos atribuí­das tal importância que planejassem nos manipular.
Falo no plural, mas isto sou eu, observando minha amiga e pensando como tirar vantagem dessa descoberta. O que eu ia usar para manipular os outros? O que poderia ser tão forte em mim?
Sim, o cérebro. Mas nesse mundo, como eu sabia, isso não era atraente. Quem é que vai querer saber de cérebro? Cérebro puro?
Na frente do cérebro, pus o sexo. Todos pensam que minha inteligência provém do sexo, mas na verdade, é do cérebro. Isto me faz impenetrável. Quem tenta virar o jogo através do meu próprio ponto central, descobre que o buraco é mais acima. Bem acima.
 

quinta-feira, março 15
 
Era uma vez uma menina que queria fazer um tapete muito grande. Ela bordou e bordou por meses, até que, na última carreira, percebeu que não havia linha preta o suficiente para terminar. Ela foi à mercearia e ao mercado, mas a linha preta havia acabado. Ela falou com outras costureiras, mas ninguém tinha mais linha preta. Ela foi a outras cidades em busca da linha que faltava, mas também não encontrou nada. Havia acabado a linha preta no mundo.
Então, ela falou com a garota de cabelos longos e negros, arrancou seis fios de sua cabeça e, formando com eles uma linha, terminou a carreira que faltava.
Ninguém percebeu porque o tapete era muito grande.
 

segunda-feira, março 5
 
Eu sou péssima em português, eu sei. Meu forte é matemática.
Eu sou superdotada, porra. Ninguém acredita.
Pi, Uma mente brilhante? Eu não gosto de cinema, exceto pelo escuro, mas um pseudo-intelectual-indie-babaca me contou (ou me cantou) um dia de forma extremamente monótona. Matemáticos têm problemas.
Vão fazer 2 anos e 8 meses q saí­ de casa. Consegui sair de casa com o dinheiro de um concurso de matemática q eu ganhei. A maioria dava fatí­dicas bolsas de estudo no exterior. O dinheiro, aliás, era pra ser aplicado na minha educação. E eu lá precisava aprender matemática? Precisava é aplicar.
Então, joguei minha vida acadêmica no lixo: desenvolvi um modelo. Apliquei tudo na bolsa. Tenho uma intuição fantástica, segundo meu corretor (corretores de bolsa são totalmente babacas.). Pessoalmente não acredito em nada que não seja mensurável. Mas tamanho também não é documento.
 

sexta-feira, março 2
 
Primeiro o peito, para não pegar um resfriado. Depois braços. Depois a vagina, a não ser que esteja menstruada; nesse caso, é preciso usar uma pequena toalha.
Então coloco a perna direita sobre o vaso sanitário e enxugo de baixo para cima desde o meu lindo pezinho. Depois de cima para baixo. Aquilo que envolve meu fêmur tem uma consistência grossa, tenho que dar a volta com a toalha para enxugar tudo.
Repito a operação com a outra perna.
Estou acostumada a levar tempo cuidando do corpo. Sou metódica.
Às vezes acho que sou uma extraterrestre colocada num corpo terreno.
Sempre esqueço das costas. Sempre peço pra quem está por perto fazer isso.
 

quinta-feira, março 1
 
Descobriram agora uma maneira até interessante de prever os resultados da bolsa usando entropia. Uma entropia nova, não a de Boltzmann-Gibbs. Pelo que tenho podido ler, tem alguns pontos em comum com o meu modelo.
 

terça-feira, fevereiro 27
 
Algumas atendentes de loja parecem putas, putas paradas nas portas enquanto os clientes passam em busca de algo interessante, olhar levemente lascivo, apertando os lábios numa volúpia de "você não vai resistir", "vou fazer você comprar de mim", "você vai parar aqui e gastar".
 

 
Hoje, os flubber-clubber. Os Gêmeos, minhas fodas ocasionais. A gente sai, eles misturam vodca com caipirinha, q jé nem bate mais nada neles e depois vamos pra um lugar & fuck all night long.
Eles não são Gêmeos de verdade. Eu já vi muito bem fora da pista, um é mais moreno q o outro, meio nordestino. Mas eles se vestem quase igual, coordenados. Sempre montadérrimos. Ou seja, babaca.
O pior é que nunca páram de mostrar aqueles duzentos dentes brancos - que embaixo da luz negra ficam roxos. Parecem 2 cavalos em exposição (mas a cavalo dado não se olham os dentes).
Não lembro como conheci eles. não lembro de muita coisa, acho q tenho problemas de memória. Não é nem como quem não lembra de partes da própria vida pq tava chapado, eu não bebo. Não tomo nada. Pode-se praticamente dizer q sou careta, a única coisa q tomo é ginseng, justamente pra memória... e uns complementos vitamí­nicos... e pó de guaraná.
o corpo não se comporta direito sem ajuda.
 

sábado, fevereiro 24
 
Você acha que todas as putas são burras e indefesas?
Aliás, você acha que eu cobro?
Igual às meninas de classificado, faço porque gosto. Melhor que elas, não cobro.
Não preciso anunciar. Não preciso de subterfúgios idiotas como danizinha-gostoza. Não sou gostosa. É ml. E ponto.
É bem fácil achar uma foda. Tenho tesão em babacas. E eles existem aos montes.
Mesmo chamando de babacas na cara deles, eles não têm orgulho, não vão parar de vir. E mesmo que tenham orgulho, vão preferir pensar que estou falando dos outros, não dele, fuderoso, maravilhoso.
Deixa eu parar que já estou ficando molhada.
 

terça-feira, fevereiro 20
 
Sou marcada pelo meu nome. se eu me chamasse paulinha, nanda, dani, babi. Esses nomes de catálogo. Mas até minha abreviação mete medo. Minha mãe se me deu um nome desses já estava procurando sarna.
 

sexta-feira, fevereiro 9
 
Gosto de babacas e ninguém pode me culpar por isso.
As putas costumam dizer que trabalham pelo dinheiro.
Meu caso não é esse.
Não exatamente.
Não tenho problema em explicar.
Eu transo com babacas não apenas conscientemente. Eu transo com babacas por saber que são babacas.
Caras de óculos escuros terno e maletas em couro.
Carrões.
Eu não quero o dinheiro.
Eu amo a sensação de levar vantagem.
Levo duas vantagens.
(Às vezes, três.)
Eu amo as contradições do homem e do mundo que me permitem levar vantagem.
Eu amo porque é a maior sacanagem.
 

terça-feira, janeiro 30
 
Na verdade, essa história de dominar com o olhar não é bem assim; é como hipnose, não funciona com todo mundo. Os sem-vergonha não se envergonham. Não desviam o olhar da censura - muito pelo contrário, até gostam, abrem esgares de indecência. Já os inocentes, tão poucos, é visí­vel que se torturam muito mais que o recomendável, mesmo sem culpa no cartório. Eles pensam: não vejo culpa porque não procurei direito, veja só, esta aí­ me desmascarou logo de cara. No babaca médio, evidentemente a maioria esmagadora, aí­ sim: é infalí­vel. Mas se não serve para dominar, serve para se saber com quem estou falando.